sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quarto Capítulo

Nosso amigo nunca, nunca mesmo, superou totalmente a separação dos pais. Até seus 11 anos um de seus sinceros e maiores sonhos era a reconciliação dos pais, ele queria muito isso. Ele sonhava e imaginava como era ter um pai presente em sua vida. Ele era ainda novinho quando seus pais se separaram, ele não tem muita lembrança de seus pais juntos. Ele tem na verdade apenas uma de quando seus pais ainda se amavam. Num determinado aniversário - que foi todo preparado na casa de uma tia - ele ganhou um robôzinho de seu pai. Na mesma hora em que ele abriu o presente, uma pequena peça se desencaixou. Enquanto seu pai tentava arrumar para ver seu filho feliz, uma pessoa (que ninguém se lembra quem era) tirou a foto dele com o pai e o primo. O sorriso do menino era formidável, apaixonante, sincero, feliz... Nem ligava para o robôzinho quebrado, se importava mesmo com o fato de seu pai estar preocupado tentando consertar o presente do filho. No seu aniversário de 11 anos, ele foi presenteado com um novo pai. Algum tempo antes, uma amiga de sua mãe tinha os convidado para ir à igreja com um amigo dela. No dia marcado, já de noite, o amigo foi buscá-los em casa. Quando o nosso garoto entrou no carro, um pacote estava lá. Era redondo e o menino, nada besta disse: "Uma bola (ele sorri). Muito obrigado."
     Nascia ali um laço de amizade, confiança, carinho e o mais importante: atenção. O tempo passou e o amigo de sua mãe começou a frequentar mais a casa do menino. Um homem extremamente educado e de papo agradável, milhões de histórias que o garoto ouvia atentamente. Mas não pense que foi fácil quando o homem e a mãe do menino começaram um namoro. "É difícil ver outra pessoa no lugar daquele que você tanto sonhou que voltasse." Nosso garoto era inteligente e maduro o suficiente para perceber que o homem ia fazer bem à sua mãe, só ia lhes dar tudo que sempre lhes foi negado: atenção principalmente, segurança e ao invés de choro, sorrisos.
     O mar de rosas não foi muito longe. Por uma discussão meio besta que o menino nunca entendeu e nem se interessa em saber, o homem deixou sua mãe. Será que vai ser como era antes? Tristeza e insegurança? Não. Durante 10 meses o homem não falou com a mãe do garoto, mas isso, felizmente, não o impediu de participar da sua vida, indo em sua casa sempre que podia, levando coisas, comidas e muitas coisas que ele sabia que o menino gostava. Foi um momento bem difícil na vida da mãe e do menino. Ele não se recorda de como exatamente o homem e sua mãe voltaram, mas de que importa? Voltaram. O menino aprendeu a não chamá-lo de "pai". Isso seria pedir demais ao garoto, mas ele aprendeu a considerá-lo como pai e quando se referia ao homem, chamava-o de "meu padrasto".
     Mais um tempo passou e veio a grande notícia: eles resolveram se casar. Muita alegria, gravado e fotografado pelo menino em todos os ângulos.
     O surgimento do padrasto tirou das costas do menino muito peso. Ele era o único homem da casa, e, nessa nossa sociedade muito estranha, com valores estranhos, ele tinha que cuidar da casa. O surgimento do padrasto foi uma coisa boa.

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