quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Segundo Capítulo

     A odisseia da vida do garoto estranho. Uma grande aventura, repleta de medos, incertezas. Nada de estranho. Todos temos medo de errar, todos vamos errar. Todos temos medo do sofrimento. Porque não ter medo? Sentir dor extremamente forte é a merda do sofrimento. Nosso garoto foi apresentado a esse sentimento desde muito novo, primeiro contato com tal sentimento foi na separação dos pais, mas como já citei, ele brilhantemente superou isso, o segundo contato foi a eterna briga entre os pais com respeito à pensão do menino. O pai, por motivos que o menino não entende e nunca vai entender, não pagava a pensão dele e a mãe se virava só. Ainda tiveram mais ocasiões que marcaram sua infância: as promessas do pai, por exemplo. Ele (o pai) dizia que ia levar o menino em determinado lugar. E quando chegava a tão esperada hora, hora essa que o inocente menino aguardava ansiosamente, bolando frases para tentar impressionar o pai, tentar ter um pouco de atenção que sempre foi negada por parte dele, tentar uma maior aproximação, um contato mais "pai e filho", o pai, por razões que o menino se recusa saber, não ia. O pai atrasa uma hora, o menino sem nem perceber, ativava sua imaginação com um trilhão de coisas, imaginava até qual seria a desculpa do pai para ir já imaginando uma resposta que o agradasse, mesmo ele estando errado. O pai atrasava duas horas, o menino começa a lacrimejar os olhos, a mãe, inconformada, de mãos atadas sem saber como ajudar aquele filho desolado, só tentava acalmá-lo, tentava não o deixar pensar naquilo, tentava fazê-lo esquecer, pelo menos ate a hora do pai chegar. O pai atrasava três horas, o menino desaba em choro. A mãe vendo o fruto de sua existência em desespero, desaba em choro também. O garoto, simplesmente chora, tentado buscar incessantemente uma desculpa cabível para o atraso do pai, sem falar nada, ele chora compulsivamente, soluçando até. Desespero horrível. Um dos maiores traumas de sua infância. Cinco horas se passam. Ele não ia mais chegar. O pai liga e diz:
      
     - Filho, não deu pra ir. Problemas aqui.
     - Tudo bem papai, deixa pra próxima.
     - Eu te amo filho, desculpa não ter ido. 
     - Tudo bem papai, eu também te amo.

     E o sofrimento do menino se vai. Silêncio por parte dele. Indignação e raiva por parte da mãe. Talvez por isso exista essa superproteção da mãe. Medo de que tudo isso se repita. Medo.

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